In the Rain

domingo, 26 de março de 2006

O que quer que seja, esqueça, não há tempo para vc, meu querido. Afinal, de
olhos calados a lembrança chora. Já foi aborrecimento não saber quais
palavras dizer nesta hora. Mas se foi este desgosto antes perturbador hoje
é excêntrico e anêmico. Permita-me dizer, as vezes maníaco e inconsequente,
mas que não ouve uma palavra tua sequer, nem acata qualquer decisão que vc
acha tomar. Para mim conversa não é monólogo, brincadeira não é falsidade
nem repetição. Lá vou eu outra vez... Coragem... coragem...

sexta-feira, 24 de março de 2006

Desgostos e confidências


Não teve dúvidas. Um dois, três, quatro, cinco goles. Não parou mais. Virou a
taça de vinho sem glamour e sem sentir cheiro ou gosto de nada.
- Outra! - Ordenou fria e secamente.
Bebeu sem limites e sem noções. Quando caiu no sono não havia amigos para
cuidarem dele, mas tinha deixado mais do que o suficiente para pagar os litros que engolira. Acordou ainda tonto, vomitou algumas vezes, cambaleou sem pressa, saiu na rua destemido.
Não caiu na sarjeta, não deitou-se em praça pública. De repente chorou
sozinho, num silêncio tão rancoroso e cheio de consciência. Logo após, riu, e
riu-se gostoso e sem compromisso, sem sequer antes enxugar as lágrimas tolas
que ainda lhe escorriam pelo rosto.
Entrou na casa vazia, largou-se no sofá sem dono, cerrou os olhos nos
joelhos, falou algumas coisas para si.
Que sofrimento mais tolo e bêbado, que sensação mais sem nexo e incômoda, que solidão mais amena e tola. Talvez quisesse por um instante ser seu próprio
confidente, mas as palavras suas para si mesmo eram tão sem sentido e
desconexas que perdeu a vontade de conhecer-se.
Levantou-se outra vez, tomou mais vinho, qualquer um que estivesse na adega
cheia deles. Caiu de lado, no chão, no centro da ampla sala vazia. Não
morreu, nem morreria, pelo menos não naquela noite. Esperou o dia nascer
enquanto vomitava desgostos e confidências. Não morreu, nem por isso começou
a viver.

quarta-feira, 22 de março de 2006

Não, não lhe diz respeito essa parte, não é este o tipo de conversa realmente franca, meu amigo. A tua experiência não me vale nada, e o que eu entedo por vc, certamente não faz parte do meu mundo.
Eu sinto que não consiga responder de uma maneira plena, sinto a nunca consigo ouvir de verdade essas palavras, sinto q sequer é capaz de olhar-me nos olhos. Para que tanta desconfiança? Ou por que, de repente, deixar claro tantas coisas que poderiam ser ditas de outra maneira. Não quero saber da tua vida. Interessa agora a minha.
Eis a parte a qual vc se encaixa, meu bem.

segunda-feira, 20 de março de 2006

CHUVA


Estou d mãos atadas e olhos semi-cerrados. A chuva louca lava minha alma sem
piedade. As palmas machucadas, as vozes preocupadas conversam descaradamente
dentro de mim. Meus dedos incham e procuro por entre as gotas o rastro que
nunca aparecerá. Pergunto-me por que as palavras que deveriam ter vindo do
outro lado ficaram perdidas no silêncio.
Chove, derrama sobre mim o alívio. Mas ainda procuro-te por de trás de mim.
Ainda pergunto-me se há sintonia ou tudo está sendo levado pela enxurrada.
Chove, como é bom ver chover, e chove, sobre minhas dúvidas, sobre minha
angústia, sobre minha cabeça...

20/03/2006

quinta-feira, 16 de março de 2006

Acho que estou novamente voando, voando demais para um mundo que não existe
nem me pertence. Estou caindo desenfreada naquilo que eu disse, sem parar ou
pensar melhor no que se trata. Estou padecendo amigável e confiante, sem
requintes para nada.
Estou novamente aflita, preocupada e apática. Largada diante das pseudo
verdade que não se fazem mentiras. Sem fazer perguntas espero respostas.
É omitir, escapar pela tangente. Essa história não me convence, sequer me
deixa dormir bem.

16/03/2006

segunda-feira, 13 de março de 2006

Q bosta d post!


A noite trouxe insônia e moleza..... lágrimas desesperadas, q não tinham relação alguma com sentimentos. Ouvidos fechados, cabeça que doia levemente, (e ainda dói) calor e frio repentinos.
O rosto incha, a boca seca e fere-se. A voz fica rouca, os olhos inchados, o sono desagradável. E quando parece que finalmente ele veio.. já é seu final, hora de acordar

quarta-feira, 8 de março de 2006

Eu nao sei porque, mas tenho pensado em você sem posseções, sem estigmas, sem nada. Tenho pensado as vezes de maneira ligeiramente turva e pura, pensado a cada segundo nestes olhares tão familiares e tão quietos.
Às vezes eu me pergunto o q faço neste mundo, e se tudo q digo ou penso sao besteiras. Mas minha vida não tras até mim a histeria, nem faz d mim outra pessoa. De vez em quando eu me pego vazia e calada, as vezes morta e sem graça. Outras, mulher cheia de si, mulher destemida.
Desta vez não sou louca, nem tenho plavras bonitas pra escrver. Não estou amando ninguém, se é que alguma vez amei. A minha vida está tão calma, terna, sem rumo e sem ninguém. Tenho medo de mim, tenho medo das minhas intrigas e destas todas prosseções. Tenho idéia do que digo, penso logo em como finjo.
Escrevo asneiras aleatórias, apenas porque tenho vontade.
Tenho amigas maestras, tenho inimigos calados, nao tenho nada nem ninguém. E sempre dizem que a solidão até que me cai bem.

06/03/2006

segunda-feira, 6 de março de 2006

Lírios Brancos


Não havia sequer mistério capaz de ter olhos tão amenos e rústicos. A face bem tratada deslizava pelos cabelos loiros e tolos. O rosto roxo de frio, os lábios esboçados de sofrimentos, tensos e apáticos, assim como o corpo dotado de embriaguez e terno aberto.
Trazia flores, lírios brancos derramados pela mão, que mal segurava-os com firmeza ou sequer soltava-os com desprezo. Lírios brancos, novos e machucados pelos passos leigos e distorcidos daquele homem que, de repente, sem idéia do que fazia... apenas andava levemente pela madrugada gelada e sem sentido.

Flores brancas descansavam pelo chão. Os pés apressados pisoteavam-nas sem percebê-las. De repente elas se perdiam pela manhã de trabalho, pelo domingo de descanso, pela rua. Estavam sozinhas e pálidas. Frias e murchas, para depois tornarem-se apáticas e largadas.

O rosto não esboçava brigas, os olhos não traziam marcas de choro, nem o peito sintomas de ardor. Mas estava amargo e sem graça. As mãos tênues se constrangiam enquanto caminhava. Olhos espantados fitavam-no com cuidado: analisavam seu terno, passavam longe de sua figura assustadoramente terna.
Sentou-se na calçada, sem pudor, sem lembranças, sem pensamentos. Apenas largou-se para pensar naquelas imagens insanas que nunca teriam passado por sua mente. De repente a caça e a memória. De repente a frieza e o silêncio tornaram-no insólito na noite serena.
Lírios brancos, soltos ao seu lado num tênue sentimento. Tentou ainda cheirar outra vez as flores murchas, mas estavam mortas e sem perfume. O terno deitou-se devagar, a cabeça ficou por um instante tentando pensar em algo. Lírios brancos, pensou, e adormeceu no frio, sem dor, sem culpa, sem sentido...