In the Rain

quarta-feira, 3 de março de 2010

Adeus,


disse deixando-lhe uma rosa e beijando-lhe os lábios ainda dormentes. Saiu sem suspiros ou gritos. Os pés um diante do outro, a menta vazia como a velha casa que deixara ao passado. Não o abandonara, apenas não fora escolhida. Caminhou colhendo daquelas flores brancas, quase mato, que assopra-se e voam ao vento. Tão longe voam quanto palavras já desgastadas e ditas.
Adeus, pensou friamente, ao vento frio, para menter-se ainda gélida. Era quase manhã, ruas solitárias. Caminhou mais uns dois, três, quatro dias ou meses ou anos, sem descobrir a diferença entre cada um deles. O baraulho das folhas caindo, a não lembrança de um idealismo qualquer perdido. O vazio.
Adeus. Não olhou para trás, e assim queria acreditar que fora. Mas aos poucos: o dia, a falta. Pulou um portão, caminhou pelo jardim de um desconhecido.
Adeus, murmurou fitando as roseiras. Tomou a mais murcha para si, o caule tombado, as pétalas faltando. Aos poucos permitiu que o espinho lhe penetrasse a carne. Era dor, sentiu, redescobrindo aos poucos as sensações. Era apenas dor...

4/11/2009