In the Rain

quinta-feira, 25 de novembro de 2010




Old School.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tentativa de um conto infantil, mas nao deu mto certo....

Clarice e o medo do Escuro



Clarice era uma pequena menina medrosa, e quando criança a brisa noturna lhe era assustadora. As criaturas que tem medo da luz saem à noite de seus esconderijos para se alimentar da carne infantil, pensava ela tremendo por baixo dos cobertores. Por isso, Clarice não dormia e aprendeu que o mundo à noite poderia ser um lugar completamente diferente.

Clarice tinha muito medo dos monstros que moravam em seu quarto e lhe falavam ao pé do ouvido. Mas com o passar do tempo Clarice aprendeu que ela poderia ter amigos para protégé-la durante à noite, embora de dia eles fossem apenas seus desenhos, vivos em folhas de papel.

Durante o dia, Clarice não fazia mais do que desenhar. Entretanto, à noite, ela tinha muitos e muitos amigos para ajudá-la a combater as criaturas que viviam em seu quarto.
Todas às noites havia mais e mais e mais batalhas mas… por quanto tempo Clarice poderia apenas ser uma criança desenhista? Por quanto tempo ainda le seria permitido ter medo dos monstros da noite?

Clarice cresceu, mas mesmo adulta ela não conseguia sair de casa quando a lua brilhava no céu. “Eu? Eu volto para ajudar as criaturas que protegem o mundo” “Se é perigoso? Claro, muito!” O mundo não estava preparado para Clarice nem ela jamais estaria preparada para ele.

Gradativamente, para sobreviver Clarice aprendeu que desenhando se poderia ganhar alguma dinheiro, mas o mundo nem aos poucos poderia aprender que o medo de Clarice não era uma de suas mentiras. Clarice, inclusive, tentou ir ao mEedico, ao psicólogo, ao psiquiatra e a qualquer coisa que lhe pudesse expulsar os monstros de seu quarto.

“Vai haver um dia, que você se tornará uma de nós” Clarice ainda teve tempo de vê-lo quando a voz maldosa e dotada de assustadores olhos vermelhos plantou essas palavras na alma dela. Naquele dia Clarice acordou aos prantos. O que ela poderia eu fazer? Poderiam seus amigos em desenhos ajudá-la?
O tempo se passou e dia após dia os montros ficavam cada vez mas fortes e Clarice, probrezinha, ficava mais triste a cada nova manhã.

Um dia, de repente, Clarice decidiu: “Tudo não passa de um ilusão da minha mente! Hoje eu vou chegar em casa depois do pôr do sol!” Quando o dia se foi Clarice ficou muito apreensiva. “Os monstros em meu quarto” ela pensava a cada segundo…
Mas Clarice foi forte, e pela primeira vez chegou em casa somente quando não havia mais luz natural. Ela se aproximou da entrada e ao pé da porta viu um rastro de sangue. Seus olhos se encheram de desespero. A porta não estava completamente fechada, mas Clarice tinha certeza de que havia passado a chave antes de sair. No chão da sala: pequenos corpos de todos os tipos de criatura que algum dia foram parte de seus desenhos., assim como monstros espalhados por toda a casa. Tudo ali se tornara pedaços e mais pedaços de papel rasgado e não houvera criatura que restasse viva.

“Que foi que eu fiz?” Clarice disse com lágrimas nos olhos. Ela se sentou no chão e com as mãos tremulas tentou remontar os pequenos padaços de papel, mas era impossível agrupá-los outra vez. Clarice chorou e chorou por toda a noite e somente quando sua última lágrima escorreu ela pôde finalmente escutar a voz rouca que há muito lhe falava no fundo da alma. “Bem vinda, pequena Clarice. Você agora é nossa irmã e nós estamos tremendamente orgulhosos de sua consideração.” Aos poucos a voz do monstro se desfez e a luz se esvaiu, levando junto consigo a alma aos pedaços da pequena e medrosa Clarice.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Expresso Paulista


São pequenas coisas que me despertam: os cheiros, as cores. Vejo este rio sujo sob mim, com o qual cruzo todos os dias. É como olhar a mim mesma, meu reflexo borrado sob as águas fétidas do Tamanduateí. As vezes penso em me jogar, mergulhar de vez, me deixar cair e cair e cair...
A cidade à noite me convida. Tenho vontade de encontrar-te lá embaixo, sob as ruas de onde brotam os demônios escondidos nas ruínas abandonadas.
Vejo os prédios, as pessoas moribundas se arrastando sob ternos ou chinelos afim apenas de viver. Sobreviver por este mundo que não é nosso, cujas nossas horas vivem esmagadas no trem lotado, cujas as almas padecem comprimidas sobre os trilhos.
Abro os olhos, respiro. Me falta o ar e o pouco que vem ao pulmões cheira a cinzas. Tosse os alvéulos o velho a meu lado, engasga-se a criança.
Comprimo as mãos sob as barras de ferro. Nelas há suor, sangue, fragmentos.
Lá embaixo a cidade convida, prédios abandonados, lodo, bares, portas de madeira podre. Dizem que ao sol despertam as cores, mas daqui enxergo apenas o rio, os restos, as carcaças.
Houve um tempo em que havia alma, hoje sequer enxergo as carniças.
Abros os olhos outra vez. Respiro e padeço, vendo apenas aquele rio morto, com o qual meu reflexo tosco insiste em cruzar todos os dias.