Com o tempo o mundo ficou sem cor, as janelas perderam o verniz, o caminhar perdeu a graça. Não havia mais piadas, o sorriso era uma constante inveja inalcansável. Seu mundo nunca fora assim, de repente ele se tornara solitário, esquecido, distante.
Perdida no passados? Talvez esse fosse seu maior problema. Mas o futuro era uma faca atravessada e o presente três lanças fincadas.
Nem mesmo viver de sonhos poderia, talvez internar-se numa loucura cruel, ilusória... mas as coisas nem funcionam desse jeito... o muro da loucura não está tão próximo.
O mundo se refez em dúvidas, o que teria a aprender? Desta vez o coração não virou pedra, mas a alma desgela e vai embora. Algumas vezes as palavras se contraem, mas é impossível descrever o que afoga.
Com o tempo, dizem, volta a cor e o verniz. As janelas se fecham, lentamente. As piadas reencontram-se, os sorrisos retomam-se. Tudo corre aos poucos. A cor não volta igual, a graça não será a mesma. Percorre o medo agora... que diferença isso faz?

A menina dos belos olhos verdes
A menina que eu faria tudo.
A menina que eu deixei na calsada chorando
A menina que não tem medo de nada.
A menina que eu gosto
A menina que é forte
A menina que se vira
A menina que não é mais nada pra mim.

31/10/2006