- Você é muito bonita – Ele disse de repente enquanto fitava meus gestos. Respondi irônica e brincalhona tocando seus lábios num beijo insensato. Ele me olhou de lado, procurou algo entre minhas reações vazias.
- Que foi? – Perguntei no susto. Ele não respondeu. Aproximou-se de meu rosto, beijou meu pescoço, deslizou as mãos por minhas costas. Sem mais palavras estávamos prontos para contar qualquer mentira.
- Amlie, minha francesa. – Mentira ou não, ele insistiu que eu era a mais bela e insana tímida de toda a sua vida. Sob o frio nossos corpos tremiam, em silêncio despíamos qualquer memória vazia.
- Dorme comigo, não vai agora- Pedi.
- Teus lábios são bem rubros. – Ele desconversou analisando meus olhos.
- Fica, por favor. – A resposta era um não suave, confuso, talvez até raivoso. Sua voz pulsava, e seu olhar caótico se perdia em mim.
- Não se preocupe, não é nada disso. Eu simplesmente tenho que ir. – Nossas mãos geladas ainda se aqueceram por alguns instantes. Aos poucos ele se desfez no vento.
- Você é muito bonita – Desfilava o sussurro tolo pelo meu ouvido. Sem qualquer discernimento ecoava apenas a insensata resposta:
- Eu sei...
jun/2007