In the Rain

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

É enorme, mas escrevi isso hoje. Boas sorte aos q tiverem paciencia (quase ninguém)

Conversas


Foram guiando os assuntos, como num simples jogo. Ele lhe falava e ela rebatia firmemente:
- Perdoe-me se sou rude, mas acredito q não me conheças tão bem assim a ponto de poder dizer algo tão certo. - Ele mexeu os braços, um pouco tenso até, bagunçou os cabelos para depois ajeita-los.
- Só poderemos descobrir no dia em que pudermos realmente testar algo. Tudo é uma questão de tempo. Tempo, apenas, Eu sou capaz de faze-lo com minhas palavras e gestos. O futuro é algo imprevisível, e sei que posso faze-lo. - Ela riu-se, solene, fitando-o no olhar.
- Me diga, apenas, queres provar que és melhor, enquanto eu procuro qualidades minhas além das tuas? - Ele aproximou-se, devagar, sem mudar a face séria que o envolvia. Teceu nos olhos rigidez, a ponto de querer tenciona-la.
- Estamos tentando apenas nos entender de outra forma. Lamento se não cumpro assim expectativas - Manteve-se imóvel, encarando-o de frente.
- Entendo... Já parou pra pensar, no quão longe podem ir nosso pensares? Algo, certamente, interessante, útil para entendermos o comportamento das pessoas em determinadas situações. Podemos, além de tudo, usar tudo isso a nosso favor. - Ele aproximou-se, receoso e sutil, olhou-a nos lábios, certo de que estaria assim mais seguro - Não achas?
- A psicologia e os pensares são coisas muito importantes, formidáveis, eu até exageraria, em nossas vidas. Nos fazem refletir muito... as vezes agimos como não pretendemos, fingimos sem querer fingir. Podemos ser pessoas diferentes do que nos conhecem, apenas pelo fato de olhar ou falar. Escondemos o rosto, sem ter idéia do que pode nos acontecer. Escondemos tanta coisa, sem motivo algum, sem saber o que dizer e como dizer ao certo, o que fazer ou como agir, somos seres estranhos. A raça humano é estranho, e imprevisível, docemente inconstante...
- Belas palavras, realmente me surpreendes. No entanto num ponto de vista é frio e calculista. Estarias dizendo que são os sentimentos apenas um ponto fraco da raça humana? Concluímos que aquele que não sente é forte... A ausência do sentir nos torna mais potentes, eu diria. - Ele se afastou, em passos lentos, e apenas sorriu.
- Frio, calculista, não há melhor fuga para os desejos do que colocar a razão na frente de tudo. Não há nada melhor do que sempre não dizer o que não deve, ou esconder o que não pode ser visto. Há tanto a dizer, a tanto para não falar. Há sentimentos, que devem manter-se presos. O sentir é um ponto fraca sim, concordo, mas capaz de, como o trigo, fortalecer-se cada vez que é pisoteado. - Ela olhou para baixo, com certa timidez, sorriu de leve.
- Como tu mesma acabaste de dizer, somos imprevisíveis... há vezes que acredito entender as pessoas, mas há momento que vejo que não.
- Na maioria das vezes fingimos agir normalmente na frente de
alguém... de outras pessoas, fingimos, fingimos até não agüentarmos mais, explodimos. Um erro fatal, eu diria, mas certamente é o melhor a fazer.
- Sempre estamos discutindo, vejo que isso é uma grande constante. - Ele precipitou-se, como se algo a mais fosse lhe sair da boca, mas simplesmente puxou o ar, e deixou-a falar.
- Homens e mulheres, travam uma batalha eterna, sempre. Ficam
discutindo, um com o outro, para no final descobrirem que foi uma discussão mais do que inútil.
- Devo descordar dessa vez senhorita. Nenhuma discussão é inútil, aprendemos muito com elas. Discussões são muito mais do que estudos de personalidade da pessoas com quem discutimos. É uma forma de analisar o outro, sem, muitas vezes, sequer que ele perceba.
- Há maneiras e maneiras de encarar as discussões, os nossos sentimentos, razões e atos. Somos inconstantes, e nada melhor do que isso. As pessoas encaram suas vidas cada uma a sua forma, na verdade temos dentro de nosso ser um mundinho próprio, com idéias, e esperamos que os outros se adaptem a nossa forma de viver...
- Eu concordo, mas tenho uma maneira diferente de ver esse "mundo", e, claro, de encara-lo também. Há muitas pessoas que nem ligam
para o "sentido da vida" (valores, objetivos). As vezes é agradável viver sem rumos, mas há um momento em que há sensações de vazio. - entreolhou-a mas procurou não achar-lhe os olhos. - Me deixo levar mais pela razão, por algo menos abstrato. Se me movesse apenas por sentimentos e por desejos, certamente me esperariam mais decepções.
- É claro. Concordo que não vais deixar todos os teus desejos fluírem, senão realmente não terás boas lembranças. Tens que controlar-se. - ela procurou leva-lo menos a sério aparentemente. Pensou em brincar, mas achou melhor continuar o assunto sério. Perguntou sobre quais eram seus caminhos.
- Pense desta forma, sentimento é algo muito instável, por isso não gosto de segui-lo. Logo traço uma meta, a mais viável, e sigo-a não importando-me se depois os sentimentos mudarem. Se acontecer, tento não pensar no assunto, me sinto mal, mas tento, a minha maneira, contornar a situação. Só mudaria minha opinião em ultimo caso, quando tivesse completa certeza de que tudo era errado.
- Algo bem diferente do normal, notável talvez. A maioria das pessoas segue seus impulsos. O importante é conciliar sentimento e razão, apesar de difícil não considero impossível. Odeio agir por impulsos, embora muitas vezes seja mais do que necessário. Mas eu os odeio, quase abomino.
- Saber conciliar.. difícil, muitas vezes impossível. Quantos já se afastaram de mim por que viram meu estranho jeito de ser... nem tenho mais as contas - ele olhou para o céu, pensativo.
- Não fique assim, esqueça, lembra-te dos sentimentos fortes que machucam? Que são ruins? Dos maus interesses? Se alguém de ti afastou-se, certamente não te merecia. - Como consolo ela pegou-lhe a mão - agora simplesmente sorria, e esqueças isso.
- Sentimentos fortes.... Hun! bom, ruins, instáveis, depende muito... sentimento é algo desequilibrado. Confuso como eu. - firmou-se, o olhar, num ponto no nada.
- Sentimentos.. tão complexos e angustiantes, e não há nada pior do que angústia de alma, que corre pelo espírito. Algo que não permite um belo sorrir ou uma face mais angelical.
- Nada pior do que dormir com angústia na alma. Ao parar pela madrugada, antes do sono vir, ouvir a voz do pensamento martelando de leve a mente, numa insanidade tola. A noite é a pior parte, antes de vir o sonho. Ando angustiado, como tu, o suficiente para me perturbar.
- Angústias são superadas com um sorrir no rosto, com uma face menos pálida. Nada melhor do que esquecer que nada era verdade, nada como poder fingir um pouco, para esquecer um único instante. Parecer chateada e triste.. inútil.
- Provavelmente não é a única a tomar esse tipo de iniciativa. São poucos os que realmente querem mostra suas tristezas, normalmente são tímidos, querendo gritar que existem para o mundo. Naturalmente há os tolos que se deprimem.
- Não há nada pior do que lágrimas, nada que possa se comparar a elas. - Ela procurou baixar o tom de voz, e falar mais lentamente - Chorar é em vão.
- Chorar é bom... Não há melhor alívio para uma alma conturbada. Alivia..(pelo menos todos sempre dizem). Mesmo assim, não tive a coragem de dizer-te isso. - Procurou consola-la desta vez
- Sentimentos, são tão simples, e nós os complicamos, foste tu quem mesmo disseste isso. O sentir nem sempre é mútuo, e quando isso ocorre, ele é cruel, e não tem dó. Como se quisesse as lágrimas. Sentimentos, assunto difícil de se lidar.
- Pode não ser fácil lidar ou falar deles, mas certamente não há nada como desabafar, embora difícil, é bom. Não havia como adiar esta conversa.
- Eu sinto falta de um passado, incompleto, como tuas palavras me disseram. Saudades, talvez seria a certa palavra. Houve situações instáveis, e quase tudo parecia trazer terríveis recordações. Por piores que fossem elas, eu preferia nunca esquece-las. Eu sou pessimista, mas não gosto de pensar assim.
- Pessimismo é péssimos mas por que achas que as coisas seriam diferentes agora? - Perguntou ele olhando bem nos olhos para que pudesse vê-la por dentro.
- As coisas mudaram, tudo mudou, nada é igual, as realidades são outras. Tudo cresceu, e é tão diferente. Seria uma grande tolice começar de novo, mas poderia ser um ótimo passo. - Desviou o olhar.
- Nada é tão fácil quanto parece, eu estou confuso, dividido, perdido seria a melhor palavra. Não sei como agir, o que fazer. Nem sei se deveria estar dizendo isso. Eu... eu sinto muito apenas. - Largou, com certa força a mão dela.
- Não diga isso, eu te entendo, uma única vez, por mais que eu tente me distanciar, é muito difícil. Eu lembro que um dia distes muitas qualidades para mim. Fiquei perplexa, e ouvi calada. Hoje eu te digo tuas qualidades, te digo muitas coisas. Agora eu falo que te espero, que te deixo pensar, eu sei que nada é por acaso e que nada será igual. Apenas vá, siga, me deixes se necessário. Não estou preparada, nem um pouco, mas já superei uma vez, duas, não será tão difícil assim.
A conversa terminou ali, com ela andando, parando as vezes para olhar para traz. Ele olhou-a de leve, com suavidade, não sabia como agir, então simplesmente ficou assistindo-a partir.

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