In the Rain

terça-feira, 12 de novembro de 2002

Fingir


Olhava para todos os lados, com sua habitual indiferença. Parecia uma criança mimada. Andou, como se nada tivesse ocorrido. Aquela noite, aquele vento.
Ninguém parava, mal olhavam, seguiam seu rumo, sem olhar para o lado. Medo, alguns sentiam, revolta...
Indiferença, fingimento. Aquele sorriso, amarelo, no canto da boca. Cada um que ousasse parar naquele corredor era bombardeando por olhares furiosos. Poucos tinham coragem de parar.
Ele estava só, andava calmamente, olhou-a, aproximou-se, sem medo ou receio. Tocou-a, levemente na altura do ombro. Ela olhou-o, com fúria nos olhos, e medo na alma.
- Oi... - disse ele.
- Olá - ela sorriu verdadeiramente.
- O que houve com você que está tão quieta e nervosa. Algo aconteceu?
- ...
- Sabe que você me lembra uma pessoa?
Ela olhou-o, analisou sua face, sorriu, seus lábios moveram-se, com rigidez, ela sussurrou algo para si, num murmúrio palavras dominaram o silêncio.
- Uma alma. Não sinto-me mais só. Medo, receio... Estará salvo, minha proteção terá. Não tem, a proteção é sua aliada.
Ela segui, andando pelo corredor, fez a curva. Ele seguiu-a, mas ela se perdera na noite.
O vento soprou, lentamente, os corredores, em poucos instantes, foram tomados pela luz. Ele andava, sem direção ao brilho, sem temer. O silêncio fora quebrado ecoou uma voz angelical: "Ainda há esperança. Obrigada, não precisarei mais fingir. Poderei, finalmente, abraçar aquele que amei, uma última vez". A luz ficou mais forte. Ele sentou um carinho na nuca, sendo depois tomado num abraço.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]



<< Página inicial