In the Rain

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

O Rebanho Alheio



"Senhor Deus dos desgraçados
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus..."



Diga-me com sinceridade, Deus nosso, era esta a imagem que queria ver? Era? Era esta a salvação que teu nome pregava? Será mesmo que o homem nasceu apenas para viver de verdade depois da morte?

"E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais..."



Prega-se o medo na busca dos corpos, além do azar, do fim. Embebidos pela música vão-se os antigos amigos, tampam-se os olhos, vedam-se os ouvidos. Tocam sempre na fraqueza certa, peculiares e generosos. Cercam a presa amistosos, são sutis e eficientes.

"Mas que vejo eu ali... que quadro de amarguras!
Que canto funeral!... Que tétricas figuras!...
Que cena infame e vil!... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!"


Mãos atadas em pseudo sorrisos. Mentes lacradas numa loucura enrustida e tão bem disfarçada. As vezes contam-lhes mentiras arquivadas que, com fé e contribuições, viram (porque não?) verdades esboçadas. São apenas almas amarguradas e aflitas, que buscam consolo incerto e futuro ameno. Então responda-me, Deus, era assim que as imaginara? Fora esta a vida que lhes reservara?

"Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!"

"Ai! Quanto infeliz que cede,
E cai p’ra não mais s’erguer!..."


As vozes se perdem juntas, suplicam por salvação num transe por seu Deus. Mas, não há nada ali, apenas paredes e pessoas. Brilha a peste que torna-se reluzente em nome da salvação. Espatifam-se os sonhos coerentes e queimam-se as antigas letras ingratas e amaldiçoadas.

"Fatalidade atroz que a mente esmaga"


Agora são máquinas humanas, apenas e nada mais. Frutos da ganância, muitas vezes meras figuras insanas e fanáticas. Têm livre arbítrio controlado, respeito à cultura alheia confiscado. Doam a alma ao portador do verbo, que as compra por nada e as vende por muito.

"Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!..."


Que deus é esse entitulado homem que carrega a verdade absoluta? Que deus é esse que afoga-lhes as mágoas e afunda-lhes em suas frases sem sentido? Quem é ele? Quem ele pensa que é, afinal?


Então? Onde está a verdade? Por que tamanha mentira? Talvez escondida por baixo de nós, marcada por cinzas, destruída em histórias, esmagada em palavras patéticas e em meras heresias...

"Deus não está em grandes casas de madeira. Lasque uma pedra Eu estarei lá, feche seus olhos e irá encontrar-me..."
(Documento declarado como heresia)

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