In the Rain

quinta-feira, 24 de julho de 2003

Adeus


Aquela noite já prometia lágrimas. O clima tenso, os passos lentos sob o piso frio. O teclado, o computador como um leve conforto. As horas passavam, devagar. O ar corria frio. Aquela noite era menos fresca, e batia mais um ventinho gelado. Aflição; olhos tensos, lacrimejantes. As horas passavam, lentamente, as horas corriam, sem pressa. O computador não era mais um conforto, não conseguia mais ser, não servia mais. Desceu as escadas, desligou tudo. A luz da sala acesa ainda. Os passos lentos, tensos. Aproximou-se, a respiração forte. Entrou no quarto, e sentou-se, bem ali, próxima a ela. Apoiou-lhe, no braço. Olhou-a, com serenidade. Ela respirava com tantas dificuldades. Estava tentando, mas era tão difícil. Uma lágrima silenciosa escorreu por aqueles olhos. Lágrima d dentro, do fundo da alma q queria gritar. Sabia, ñ havia mais nada a ser feito, mas ainda restava-lhe um pouco, leve, d esperança guardada. ñ conseguiria dormir, não mesmo. Pegou seu edredon, um travesseiro, e encostou ali mesmo. Apoiou a cabecinha doente em sua mão, agora com mais cuidado. Mudou-a um pouco de posição para q pudessem ambas ficar mais confortáveis. Debruçou-se ali, e tentou pelo menos descansar um pouco. Cochilou, de levezinho, acalmou-se. No meio da madrugada acordou, e neste mesmo instante a pequena passou mal, soltou um grito d dor, mas daquela dor forte, q parece estar destruindo cada pedaço. Tentou ajuda-la. Ela vomitou um pouco de sangue, bem pouquinho. Parou d respirar um segundo. "ela se foi" pensou a menina consigo. Mas a puxar ar, voltou, talvez para sua tristeza, sofreria mais... "Vá em paz, filhota" comentou dali uma voz amiga.
Não poderia dormir, não naquela situação. Fazia assim, um friozinho, e em meio aquela cena, aquelas dificuldades todas, aquele corpinho pedindo uma ajuda q não podia fornecer. Veio o choro, quieto, pra dentro. Vieram lembranças. "Não, não!" Gritava para si. Era difícil d suportar. O peito estava tão pesado. Implorou, quem sabe assim seria ouvida. Mas sabia o quanto aquilo era inútil.
Estava exausta, sabia q aquela situação não mudaria. Foi para sua cama, tentou dormir um pouco, só um pouquinho.
Logo pela manhã, assim q a acordaram ela ficou em pé, foi vê-la; estava na mesma. Juntaram-se ao lado da pequena amigos. Mexeram em suas orelhas, acariciaram o pelo, ainda macio. A respiração tão forte, tão difícil. Passou mal novamente, e gritou com aquela mesma dor, dor da alma, do corpo querendo estar livre.
A menina então subiu as escadas, foi trocar-se, todos sabiam q não havia mais nada a ser feito, mas d repente poderia ser q um milagre a salvasse. Ela trocou-se, pensando em leva-la talvez para sua cirurgia. Quem sabe desse tempo Mas assim q retornou ao quarto, a pequena não estava mais ali. Estava já longe.
Veio então o choro, quente, choro assim, de peito junto a alma, choro de poucas horas atras, choro novo. Vinha quieto e mais vazio, vinha tão sem vida, justo ali, bem onde a morte nascia. Vinha um choro forte, vinham uma, duas três lágrimas, todas em silencio. E por cada lágrima escorria a tristeza longa da madrugada, saindo devagar. Era choro de alma ferida, choro d lembrança boa. Choro q pedia piedade, humilde. Choro seco, frio, silencioso como aquela manhã d inverno. Choro chorado até a ultima gota, choro engolido há horas. Choro d dor, dor forte, choro assim, mal chorado. Era um choro d adeus, lágrimas d nunca mais, de saudades, d bons momentos q não iam mais voltar, q só iam ficar naquela lembrança longa, lembrança d 12 anos.

E foi assim q a manha nasceu hoje mais triste, nasceu mais fria. Foi assim q o dia ficou menos sorridente. A casa quieta, a poltrona vazia, o osso largado próximo há uma coberta. O dia nasceu sem vida, nasceu sem a pequena, q a menina nunca esqueceria.

Contemplar a expressão q se trasnfroma a cada segundo, neste mundo tão passageiro que por si só é uma ilusão. A face da alvorada a noite, nada mais é que um amontoado de ossos. E quando a brisa sopra, fecham-se os olhos, levando consigo o último seopro de vida. Deixando apenas ossos brancos. Talvez soframos porque tudo para nós é mistério. A morte não tem favoritos, jovens ou idosos, não sabemos qdo nossa hora chegará(...)

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