In the Rain

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

O ESPELHO
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Eu odeio meu espelho! Fico horas parada na frente dele olhando para minha cara, meus defeitos e admirando as mesmas qualidades fúteis. Aí começa aquela conversa de dona de casa. Parece a amiga da novela tola daquele canal tosco. Fico lá, dizendo que é assim e pronto. Pior que essas personalidades são sempre iguais. Uma é fria, calculista, objetiva, sincera e inteligente, eu diria. A outra? Cara, coitada; toda doce, romântica, inocente, fica lá falando em igualdade, defendendo os pobres coitados, é praticamente uma madre puritana.
Mas isso não importa. Na verdade importa aquela conversa que nunca existiu, porque são sempre essas as conversas que importam. Eu já tive várias dessas. Fiquei imaginando o que diria, a contra resposta, e assim por diante. O mais engraçado é que fica tudo preparado e, na hora de falar de verdade, cara a cara, não sai nada.
Aí, começa outra vez: olha pro espelho e se acha a melhor e a pior pessoa do mundo. Aí fica triste, alegre, enche-se de esperança, desaba. Porra! Larga de ser idiota e decide!
Na verdade o ódio não é apenas do espelho. Porque a gente sabe, ainda que fique aqui fingindo não saber, que a culpa não é dele. O espelho, coitado, é um objeto inanimado que por algum motivo físico químico burocrático o qual eu não faço idéia qual é, reflete as imagens. Eu sei que tem alguma coisa haver com a luz e blá, blá blá. Tá, confesso que nunca prestei atenção nessas aulas quando estava no colégio. Mas, sabe como é, nós humanos em nossa condição metafórica e embriagada por idéias líricas, acabamos culpando o pobre menino espelho por uma série de atos e etc, etc.
Mas, voltando aos dramas. Na verdade acho que não há muito mais o que dizer. Desta vez eu deixei o espelho de lado, sentei-me em frente ao computador e resolvi desaguar minhas mágoas encandecentes, trouxas e com algum sentido afetivo louco e desenfreado o qual não me cabe agora descrever, até porque para fazê-lo eu utilizaria milhões de letras. O maior problema é esta grande dificuldade em ser breve, o que torna esses textos reflexivos gigantes e tolos. Como a maior parte das reflexões que escrevo, não fala de nada. Portanto, como já cansei dele e não tenho mais idéias para enrolar, fico por aqui, ainda com eterna raiva do pobre espelho, ainda sem rumos a tomar.


20/08/2006

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