In the Rain

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Lembrar daquilo parecia um pouco sórdido para sua memória fraca. Eram dores de cabeça constantes,pequenas pontadas e uma doença infantil. Espirro, rouquidão, vestígio de depressão amigável. Deteriora sem fazer triste.
Os pulsos ainda secos, nenhum sinal de corda pendurada no banheiro, remédios guardados na caixa lacrada. Não há lágrimas, nem sinal de desespero.
Às vezes as gotas pingam devagar sobre a louça suja. O quieto barulho ensurdece a cabeça vazia. O silência murcha uma sensação inexistente enquanto as risadas se multiplicam num outro plano qualquer.
A lembrança não se perde, não há histórias para contar nem há suicídios ou sangue jorrando para os lados. As possibilidades congelaram no passado e quebraram no presente. Nada resta, nada há. Um pouco de melancolia ao dia de sol. A felicidade esvai, evapora no frio. A lembrança deteriorada esquece que aquilo de fato não existe. Tudo se choca, tudu mexe, aterroriza. A frente não há perpectivas. As palavras desfazem, os dedos roem. Não há mortes, nem nada. A loucura necroza, sem desespero e de olhos abertos.

24/10/2006

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