In the Rain

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Última Canção


29/01/2004

Eu descobri que vou morrer, afogada em ilusões, estou morrendo hora a hora, por minha causa, por mim. Eu descobri que vou morrer, por ti, por causa das tuas palavras angelicais. Morrerei para que se cale meu pensamento triste. Eu sinto cheiro de flores, talvez rosa ou jasmim. Eu sinto como se teu cheiro ainda aqui estivesse, mas a cada segundo ele se torna mais distante. Há rosas sim, rosas negras. Vejo a face branca, embalsamada, cristalizando-se num sonho inexistente. Eu ainda lembro, fixamente, dos teus olhos, bem castanhos, jovens e traiçoeiros. Mas nada me atinge, agora a vida está para me deixar, alívio, estou pronta. O céu resplandece, numa noite quente, há cheiro já da manhã, cheira flores, rosas, talvez jasmins. Minha alma dói, é forte, caí de mim, será que dói a morte? Ou será ela lenta e serena? Eu vejo longe seu olhar quieto, será alguém capaz de ouvir-me? Posso tocar o silêncio, o vazio, o vento; estou morrendo aos pouquinhos. Será que há quem se importe? Eu morro a cada novo segundo, morro mais. É morte lenta, morte calma, que tira pedacinhos de mim, castiga-me, banhando-me em sangue. Estou morrendo aos poucos, e vejo a serena face, pálida, sombras em mim, vejo semicerrados os olhos, e vejo que por mim não há quem chore. Eu desprezei a vida e os que por ela passaram, hoje sou só, e não há quem venha ouvir meu silencioso delírio. Nem você, que jurou amor tolo chora. Estou morrendo, sem amigos, sem dor, sem quem me ame, sem lágrimas, só há teu sangue, que me feriu. A flor da morte me chama, já me aquece a vontade de partir, estou morrendo, a minha alma mancha aos poucos. A lâmina é fria, o sangue é quente e não há dor ou lágrimas, estou morrendo, silenciosamente, estou morrendo só.

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