In the Rain

segunda-feira, 17 de abril de 2006

A Doença do Pai


Naquele dia o pai adoeceu, teve uma crise nervosa louca, que tirou todos do sério. Que doença era aquela? Doença séria, que não tinha cura nem queria se curar. Naquele dia o pai matou os filhos no grito sem paciência e a mulher na raiva sem motivos. O pai não queria curar-se, e quem poderia viver com ele assim? Antes o pai era pai, do nada o pai virava pó.
Seus gritos sem razão ecoavam pelo ar. Brincadeiras fora de hora e instigadas por estigmas marcados aos poucos cresciam. Não tinha mais graça, nem mais nada. Morre devagar o pai, que tenta estar dentro mas está fora.
Ninguém agüenta esta doença fétida, amargurada e exibicionista. Doença que trás aquilo que o pai esconde, mas que o pai é. Morre aos poucos, junto com alicerces, lembranças, sorrisos. Morre e vai morrendo, se arrasta, fere sem perceber. A doença consome as capacidades do pai, e por que tem que estar errado o médico e certo o pai? E por que tem que calar-se o filho para ouvir o pai? E por que deve ser a esposa junto deste pai?
Que doença! Veja esta fumaça fétida que sai da boca do pai. Veja esses dentes podre que tem o pai. Veja este nervosismo louco que atinge o pai. Veja este homem tosco...
Naquele dia o pai adoeceu, num surto de raiva fechou seus olhos, tapou seus ouvidos, trancou sua mente, adormeceu. Alguém ainda deve sentir saudades dele, não sabem se ainda resta esperança, pois a cada segundo morre o pai.

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