In the Rain

sábado, 8 de maio de 2004

Saudades...



Enquanto ela olhava o vento, sofria consigo, foi há pouco tempo, mas quão vazia estava. O amanhecer ao fundo, a lembrança tola do sol de alguns meses - anos talvez - os suspiros que criara, as palavras que ele disse embaralhavam-se na mente, junto com os carinhos construídos por si. E sofria, o peito, a alma ardentes, tudo bem criado, tudo agora destruído...
Ela fingiu para fugir, e restou a lembrança distinta, as aflições, causa de sua arte, que lápis e tinta unidos as mãos fizeram. Foi inocente, e criou aquele amor pueril e idealizado, envolvente, feito de sonho. Louca loucura, falta, ardor, lembrança e vontade para reviver...
Era história, livro, era desenho, arte, belas formas e sorrisos, que ela criou para ele. Via-o por toda parte, imagens da mente, onde a figura bela daquele olhar a perseguia.
Saudade que a mata, devagar, é cruel, corrói; atiça. Ele era o símbolo de as infantilidade, justiça, prova de fogo, holocausto, insanidade, perdição.
Fora o fruto do sonho, a idealização. Ela o amava, mas num instante de fúria quebrou pratos, quebrou tudo. - e aconteceu há poucos minutos - Enlouquecida aproximou-se da escrivaninha, e com raiva, furiosa, abriu a gaveta, e nanquim caiu sobre o papel. Ali residia ele, no desenho, apenas ali, em seu acesso de fúria ela rasgou a folha, e jogou longe os pedaços. Rasgara o sonho, parte louca de sua vida.
Depois, mais calma, ela ainda culpava-se por tê-lo mandado embora, jogado seus pedacinhos ao vento. Ficou estática, em silêncio, com o peito cheio de saudades; no espírito, arrependimento e dor. Parou extasiada à janela, para olhar o vento... tudo destruído, e nos olhos... apenas lágrimas de solidão.

23/04/04

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]



<< Página inicial